sexta-feira, setembro 13, 2024

Novos Começos

 Quando a gente quer escrever e encara a folha em branco, mas nada acontece. Aquela mente em turbilhão constante de repente está calada, num silêncio perturbador. Assim me sinto entrando mais uma vez na "fase TCC" da vida. Mais um curso chegando ao fim. Estou perto de me formar em Arquitetura, 15 anos depois de ter me formado em Direito.

Escolhi o curso de Arquitetura e Urbanismo por paixão, idealizei, sonhei que seria o meu caminho como artista. Mas que nada, estou chegando ao fim mais perdida do que no começo. Não consegui desenvolver tudo que imaginava. Vou indo pra última etapa aos tropeções. Quem sabe ao fim conseguirei mais tempo e inspiração. Tempo para o ócio, que faz tanta falta para criar.

segunda-feira, dezembro 10, 2012

Sua loucura combina com a minha

Obrigada por me fazer sentir, mostrar que existo, resisto e persisto.

"Quis fugir quando ganhei colo, quando me senti compreendida, quis fugir quando me peguei sentindo o meu sorriso e a vontade de sorrir. Quis fugir dos beijos, do desejo novo, daquela sensação feliz. Eu quis a felicidade, mas ela não deixou e quando ela foi embora, eu vi que tudo havia mudado. Mas acontece que essa nossa fotografia era bonita mesmo com a mistura das cores. Então entendemos que talvez ela já não conseguisse ser só cor e nem eu só preto e branco."

Fotografia - Carol Bria

Minhas palavras não poderiam traduzir melhor o que estou sentindo agora, por isso usei esse texto da minha querida amiga Carol. Estou feliz, tão feliz que a ansiedade do que está por vir me enche de energia. 

Depois de um ano me virando pelo avesso, finalmente consigo ver as cores, sentir o calor de algo novo chegando. Adoro mudanças e depois de dois anos no mesmo quarto, já é tempo de sair e viver. Como me disse um amigo: "você é grande demais para essa cidade", e realmente é o que sinto. Preciso sair e ver mais do que essas quatro paredes.

Eu criei minhas próprias limitações, me prendendo na minha zona de conforto e quando comecei a ousar sair dela é que as mudanças começaram a acontecer. Foram pequenos passos que alcançaram distâncias cada vez maiores.

Está terminando um ano de primeiras vezes. Muita coisa foi iniciada e também concluída. Não deixei nada inacabado, pois nada é pior do que uma porta entreaberta de incertezas. Agora só preciso aproveitar, sentir o que está por vir e agradecer a quem esteve ao meu lado nesse duro caminho.

"E o que passou, calou
E o que virá, que dirá"

Pra Ser Sincero - Carlinhos Brown e Marisa Monte


"Não importa chegar. Mais vale a ousadia de se perder." - Valéria de Leoni

quarta-feira, outubro 10, 2012

Ônibus

Não sabia ainda o que era. Um misto de desejo e inocência. Bastavam seus joelhos tocarem suavemente, mesmo por cima das roupas, e vislumbrava aquela sensação. As borboletas no estômago. Não ouvia mais o que ela estava dizendo. Só pensava em que estavam tocando um ao outro com os joelhos, os ombros, seus corpos muito próximos. E o seu cabelo tão belo. Tinha um grande desejo de o tocar. Só queria acariciá-lo, sentí-lo. Mas se mantinha imóvel, todo empertigado. E nela estavam seus pensamentos em devaneios. Foi tudo tão imediato, nunca a havia notado desta forma. Há muito se conheciam, mas aquele sentimento era absolutamente inédito. A sensação que o imobilizava. Agora ele notava. E pensava que tudo que ela fazia era delicado e gentil. Até mesmo virar a página de um livro. Levantar-se ou sentar-se, beber ou fumar, tudo isso era uma delícia e ele se deleitava só em observar. Observar e sentir o calor de seus joelhos se tocando, despretensiosamente.




terça-feira, outubro 02, 2012

Silêncios


A gente podia viver em silêncio, num abraço, e ainda assim seria perfeito. A comunicação que existe entre nossos olhares, no entrelaçar de dedos, basta. Podemos falar apenas sobre o tempo, o tempo sempre será o mesmo em nossas conversas de elevador, mas prefiro os olhares mudos, o som da sua respiração, o palpitar apressado quando nossas peles se tocam. Enquanto todo o resto é desencontro. Desencontra-se no tempo. Desencontram-se os gostos. Nem mesmo gostamos de uma mesma música para chamar de nossa. Nossos horários, tão estreitos no descompasso das estações. Tanto tempo sem te ver e quando nos vemos, parece ontem. Parece que foi ontem e se prolonga no tempo. Dura uma eternidade em cada segundo. O elevador demora em cada andar, cada curva do seu corpo, cada inspiração e expiração cadenciada, e eu torço por isso. E então volta o som mudo da distância, do até logo, seu caminhar a passos largos. Deixando um pouco desse olhar pra depois. Deixando a conversa para amanhã.

terça-feira, setembro 25, 2012

Notícias de ontem


Tanta coisa inacabada. Esse é mais um daqueles períodos de queda produtiva. Quem me conhece, sabe. Quando estou bem, a inspiração desaparece. Pelo menos parte dela. A que mais gosto vem daquela dorzinha, das decepções e das expectativas frustradas. E hoje estou aqui para lhes dizer que estou bem. Muito bem, na verdade! Cada dia mais perto de realizar um dos meus sonhos, ou talvez parte dele. Enquanto isso, meus textos continuam nos rascunhos, nos textos do celular, fragmentados. E eu vou tentando cavar um tempinho nos dias cheios pra viajar em pensamentos, pra ler meus livros e, por que não, escrever pedaços da minha história.

terça-feira, maio 22, 2012

A minha verdade

Egoístas e covardes. Algumas pessoas são assim. Os egoístas pensam sempre em si mesmos em primeiro lugar. Falta-lhes empatia, a capacidade de se colocar no lugar do outro. Os seus problemas são sempre os maiores e mais preocupantes. E isso é tudo o que algumas pessoas carregam dentro de si.

Aos covardes falta a coragem para tomar decisões e assumir erros. Então, adiam suas dúvidas, empurram seus problemas com a barriga esperando que se resolvam sozinhos. Dissimulam o quanto podem, com desculpas, sempre representando o papel de vítimas. E assim, seguem suas vidas sem sentimento de culpa, sem enxergar a si mesmos como verdadeiramente são.


segunda-feira, maio 21, 2012

Sobre o tempo

Pensei ter ouvido sua voz a me chamar, mas não, era apenas meu pensamento voando, num daqueles momentos de distração. Olhava os raios de sol que entravam pelo basculante, suspendendo a leitura de um livro. Era fácil entender porque não dormia e porque eu demoraria tanto tempo para compreender a causa do teu silêncio. Minha vida sempre foi feita de buracos, um congestionamento infernal de incertezas atrás de histórias mal contadas e versos sem prosa. Uma piedade sem fim, carência sem tamanho nas noites sem dormir. Quando você veio, como vento que a gente sente sem querer, eu senti que as horas passavam. Não digo que passavam de uma hora depois da outra, mas passavam por mim. Horas em que senti o piscar dos teus olhos, o seu andar, seu roer de unhas, tudo isso e muito mais em seu tempo, sua fração dentro do meu relógio. Sentia no diminuir das minhas horas as suas de amor. Aprendi com o tempo a medir a felicidade ao contrário, feito cronômetro de embarque. Você chegava e eu ligava o relógio perverso. Doía-me cada sorriso bem dado seu, era menos meia hora da nossa história, quase pedia pra guardar um sorriso pro final. Ou só os sonhos, quem sabe dormir junto, sonhar junto, acho que dormir não contava no meu relógio. A esfuziante forma com que fazia planos de futuro, e até mesmo sua forma de segurar o cigarro descreviam um ritual na minha mente, eram muitas horas de felicidade pra poucos minutos que meu relógio poderia aguentar. Me entreguei, então, completamente, me senti solta entre você e o tempo, anulei de todas as formas os ponteiros e me guiei pelas batidas do meu coração. Não era mais uma virtude de sentimento correspondido que eu supunha estar vivendo, era a forma como eu não dominava meu coração que me fazia suspirar de agonia. Estava numa montanha russa, eu era uma espiral de emoções, sempre erguida em sustos e presságios felizes. Não havia maneira nem lugar pra estar do que onde estava e quando estava. O ar mais leve me fazia flutuar pelos corredores das minhas cenas ensolaradas. Mas as suas virtudes e as pregas do meu sorriso ficaram duras, não conseguia mais sentir minhas mãos nas tuas mãos. Elas suavam. Ouvia um barulho estranho ao longe. Logo depois, os beijos curtos ficaram ainda mais curtos e raros, não sabia explicar, sabia que lembrava disso de outrora, era uma repetição, sabia que havia escrito isso em outra história cheia de promessas, então abri os olhos e a cama bagunçada me causou estranha agonia. Ouvi de novo o barulho alucinante, estaria enlouquecendo? Acordei mais um dia e nem café da manhã tomei, troquei a montanha russa pelo carrossel, achei mais apropriado pro inverno que se formava. Então, comecei a enjoar das voltas, das paradas e das entradas e saídas. Comecei a ficar surda e, às vezes, até muda quando convinha, e comecei a ter muitas limitações sensoriais, cansaços e subtrações incríveis no tempo. Lembrei de onde era o barulho: o celular tocando. Apaguei o lembrete da próxima viagem no calendário. Olhei as horas, ainda era cedo, não havia comprado a passagem para aquele sábado. Voltei a dormir.

sábado, abril 28, 2012

Casa comigo

Casa comigo que te faço a pessoa mais feliz do mundo.
A mais linda, a mais amada, respeitada, cuidada...
A mais bem comida.
E a pessoa mais namorada do mundo e a mais casada. 
E a mais festas, viagens, jantares...
Casa comigo que te faço pessoa mais realizada profissionalmente. 
E a mais grávida e a mais mãe.
E a pessoa mais as primeiras discussões.
A pessoa mais novas brigas e as discussões de sempre.
Casa comigo que te faço a pessoa mais separada do mundo.
Te faço a pessoa mais solitária com um filho pra criar do mundo. 
A pessoa mais foi ao fundo do poço e dá a volta por cima de todas. 
A mais reconstruiu sua vida.
A mais conheceu uma nova pessoa, a mais se apaixonou novamente...
Casa comigo que te faço a pessoa mais “casa comigo que te faço a pessoa mais feliz do mundo".

Melamed

sexta-feira, abril 27, 2012

Bringin' sexy back


Dia desses resolvi divulgar pra alguns amigos este blog. Não faziam nem ideia que eu escrevia qualquer coisa em algum lugar. Então uns e outros entraram, leram e comentaram.

Ouvi o seguinte questionamento: "porque não escreve sobre sexo? Você fala tanto de sexo mas não escreve sobre isso. Seus textos seriam mais interessantes."

Ok. Desde então tenho pensado sobre isso e realmente não entendo porque nunca consegui ou sequer tentei escrever sobre um assunto que domino tão bem em rodas sociais e conversas despretensiosas entre amigos? Sempre fui boa em redações. Dê-me um tema e escreverei em trinta linhas. Mas... com uma vida sexual tão ativa como a minha, terei que contar histórias alheias e parar com o posts de melancolia depressiva.

Mas outro amigo me alertou sobre a exposição que seria escrever sobre sexo. Disse: "texto sobre sexo tem que ficar na gaveta". Sabem o que respondi? Nem ligo. Poucas vezes me importei com a opinião alheia.

Pois é, socializo falando putaria, sou verborrágica, mas não sei expressar o que falo tão espontaneamente... por escrito. Mas ao menos pensarei no caso e verei se consigo passar meus pensamentos impuros, toda a ruindade que carrego na mente para os posts deste humilde e negligenciado blog.

Creio que nunca chegarei aos pés dos incríveis relatos de minhas amigas do extinto blog "Nem Jesus Salva", mas posso tentar.

quinta-feira, abril 19, 2012

Foi meu eu-lírico virtual

É virtual. É inventado. Tudo o que você conhece foi escrito a duas mãos. Partiu do meu eu-lírico virtual. Na internet todo mundo pode ser o que quiser. Criamos personagens de nós mesmos. Caricatos. Exagerados em qualidades, defeitos e sentimentos. Daí existir tanto drama, tanta alegria efusivamente estampada, tanta força de mártires que protestam virtualmente por seus ideais, praticantes de boas ações no plano bidimensional, expressivos na cadência dos bits. Vidas se passam, amizades verdadeiras se formam, relacionamentos começam e terminam. Aqui você encontra, por vezes, mais diversão que amigos com cerveja, mais apoio que colo de namorada, mais orientação que padre, psicólogo, ou conselho de mãe, mais solução que decisão. Amigos se reúnem para um chat. Nos abrimos com desconhecidos e semi-conhecidos. Superficial, artificial, digital, surreal. A vida segue e se descreve em códigos binários. Zero e um. Traduz tanta coisa. Qualquer coisa. Que coisa! Cores, expressões, movimentos, luz e som. Janelas que se abrem e fecham. Cada um diz o que lhe condiz. Personagens de sua própria história. Aquela que você vive e cria ao mesmo tempo. Tão irreal que chega a ser verossímil! Somos quem podemos ser. Somos o que queremos ser. Enquanto lá fora da tela se vive, aqui se cria. A verdadeira sociedade alternativa, do mundo paralelo virtual. Que vez ou outra se materializa. Deixa o digital e se torna digitável, palpável, tangível... Real?


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