terça-feira, maio 22, 2012

A minha verdade

Egoístas e covardes. Algumas pessoas são assim. Os egoístas pensam sempre em si mesmos em primeiro lugar. Falta-lhes empatia, a capacidade de se colocar no lugar do outro. Os seus problemas são sempre os maiores e mais preocupantes. E isso é tudo o que algumas pessoas carregam dentro de si.

Aos covardes falta a coragem para tomar decisões e assumir erros. Então, adiam suas dúvidas, empurram seus problemas com a barriga esperando que se resolvam sozinhos. Dissimulam o quanto podem, com desculpas, sempre representando o papel de vítimas. E assim, seguem suas vidas sem sentimento de culpa, sem enxergar a si mesmos como verdadeiramente são.


segunda-feira, maio 21, 2012

Sobre o tempo

Pensei ter ouvido sua voz a me chamar, mas não, era apenas meu pensamento voando, num daqueles momentos de distração. Olhava os raios de sol que entravam pelo basculante, suspendendo a leitura de um livro. Era fácil entender porque não dormia e porque eu demoraria tanto tempo para compreender a causa do teu silêncio. Minha vida sempre foi feita de buracos, um congestionamento infernal de incertezas atrás de histórias mal contadas e versos sem prosa. Uma piedade sem fim, carência sem tamanho nas noites sem dormir. Quando você veio, como vento que a gente sente sem querer, eu senti que as horas passavam. Não digo que passavam de uma hora depois da outra, mas passavam por mim. Horas em que senti o piscar dos teus olhos, o seu andar, seu roer de unhas, tudo isso e muito mais em seu tempo, sua fração dentro do meu relógio. Sentia no diminuir das minhas horas as suas de amor. Aprendi com o tempo a medir a felicidade ao contrário, feito cronômetro de embarque. Você chegava e eu ligava o relógio perverso. Doía-me cada sorriso bem dado seu, era menos meia hora da nossa história, quase pedia pra guardar um sorriso pro final. Ou só os sonhos, quem sabe dormir junto, sonhar junto, acho que dormir não contava no meu relógio. A esfuziante forma com que fazia planos de futuro, e até mesmo sua forma de segurar o cigarro descreviam um ritual na minha mente, eram muitas horas de felicidade pra poucos minutos que meu relógio poderia aguentar. Me entreguei, então, completamente, me senti solta entre você e o tempo, anulei de todas as formas os ponteiros e me guiei pelas batidas do meu coração. Não era mais uma virtude de sentimento correspondido que eu supunha estar vivendo, era a forma como eu não dominava meu coração que me fazia suspirar de agonia. Estava numa montanha russa, eu era uma espiral de emoções, sempre erguida em sustos e presságios felizes. Não havia maneira nem lugar pra estar do que onde estava e quando estava. O ar mais leve me fazia flutuar pelos corredores das minhas cenas ensolaradas. Mas as suas virtudes e as pregas do meu sorriso ficaram duras, não conseguia mais sentir minhas mãos nas tuas mãos. Elas suavam. Ouvia um barulho estranho ao longe. Logo depois, os beijos curtos ficaram ainda mais curtos e raros, não sabia explicar, sabia que lembrava disso de outrora, era uma repetição, sabia que havia escrito isso em outra história cheia de promessas, então abri os olhos e a cama bagunçada me causou estranha agonia. Ouvi de novo o barulho alucinante, estaria enlouquecendo? Acordei mais um dia e nem café da manhã tomei, troquei a montanha russa pelo carrossel, achei mais apropriado pro inverno que se formava. Então, comecei a enjoar das voltas, das paradas e das entradas e saídas. Comecei a ficar surda e, às vezes, até muda quando convinha, e comecei a ter muitas limitações sensoriais, cansaços e subtrações incríveis no tempo. Lembrei de onde era o barulho: o celular tocando. Apaguei o lembrete da próxima viagem no calendário. Olhei as horas, ainda era cedo, não havia comprado a passagem para aquele sábado. Voltei a dormir.
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