terça-feira, outubro 02, 2012

Silêncios


A gente podia viver em silêncio, num abraço, e ainda assim seria perfeito. A comunicação que existe entre nossos olhares, no entrelaçar de dedos, basta. Podemos falar apenas sobre o tempo, o tempo sempre será o mesmo em nossas conversas de elevador, mas prefiro os olhares mudos, o som da sua respiração, o palpitar apressado quando nossas peles se tocam. Enquanto todo o resto é desencontro. Desencontra-se no tempo. Desencontram-se os gostos. Nem mesmo gostamos de uma mesma música para chamar de nossa. Nossos horários, tão estreitos no descompasso das estações. Tanto tempo sem te ver e quando nos vemos, parece ontem. Parece que foi ontem e se prolonga no tempo. Dura uma eternidade em cada segundo. O elevador demora em cada andar, cada curva do seu corpo, cada inspiração e expiração cadenciada, e eu torço por isso. E então volta o som mudo da distância, do até logo, seu caminhar a passos largos. Deixando um pouco desse olhar pra depois. Deixando a conversa para amanhã.

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